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Conheça Manu, a primeira aluna com paralisia cerebral formada pela UFPR

A estudante resistiu ao capacitismo e deseja que o futuro seja cada vez mais inclusivo para as pessoas com deficiência
educação inclusiva
A estudante resistiu ao capacitismo e deseja que o futuro seja cada vez mais inclusivo para as pessoas com deficiência

Na semana passada, Emanuelle Aguiar, 29 anos, se graduou em Geografia no Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Desde adolescente, seu sonho é ser professora: “Sempre soube que só a educação transforma a vida das pessoas”, afirma.

Chegar à formação acadêmica é uma alegria para qualquer jovem, mas a conquista de Manu representa um passo a mais para ela e para milhares de pessoas com deficiência. Isso porque a estudante foi a primeira graduanda da instituição com paralisia cerebral. 

Por conta da pandemia, Manu não teve formatura. Mas ainda assim, está muito feliz com a conquista. Foto: Emanuelle Aguiar/ Arquivo Pessoal

Desde os primeiros dias como aluna de Licenciatura, Manu sempre se interessou pela pesquisa e pela extensão, dois pilares da UFPR, assim como de outras universidades públicas. Assim, atualmente ela trabalha no Programa de Extensão Tertúlias Inclusivas do Pampa, da Universidade Federal do Pampa (RS). No programa, ela é tutora em cursos de educação inclusiva. Agora, deseja se especializar cada vez mais na inclusão.

Os dias na Universidade

Manu ingressou na UFPR em 2016, por meio da política de cotas destinadas a pessoas com deficiência. Na hora de fazer o vestibular, se lembra de ter tido o apoio necessário para realizar a prova. Este apoio, conforme ela, foi fundamental para o seu ingresso na instituição.

Mas, já no segundo dia de aula, Manu encontrou desafios por conta de sua deficiência. As aulas do curso de Geografia eram no 3º andar do prédio e o elevador estava quebrado. Por conta de sua deficiência, Manu tem mobilidade reduzida e não poderia acompanhar as aulas. 

O campus da UFPR Setor Litoral fica em Matinhos, a 111 km de Curitiba. Foto: UFPR/Divulgação

“Para dificultar todo o processo não existem salas de aulas no térreo da Universidade e tivemos que ser remanejados para o auditório onde não é um ambiente preparado para se ter aula. Esse perrengue durou 68 dias, o que foi muito desgastante”, lembra. “Os desafios sempre estão presentes na minha vida, já que historicamente os espaços não são pensados para pessoas com deficiência”. 

Apesar das dificuldades, Manu teve muitos momentos felizes na Universidade. Ela destaca como situações mais legais os trabalhos de campo e os eventos. Em 2018, por exemplo, acompanhou o Congresso Brasileiro de Educação Especial, que aconteceu na na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo. Foi nesse congresso que Manu começou sua vida na pesquisa. Além disso, também pode conhecer pessoalmente Izabel Maior, uma das maiores lideranças do movimento de pessoas com deficiência brasileira nas últimas décadas.

Desejos para o futuro

Formada e trabalhando com educação inclusiva, Manu sonha com um futuro cada vez mais aberto às pessoas com deficiência. Dessa forma, que mais pessoas possam conseguir chegar onde ela chegou “Espero que o capacitismo não esteja tão presente como está agora. Que todos os lugares sejam acessíveis e inclusivos…”, conclui.

Como professora, Manu deseja fazer a sua parte para uma educação mais inclusiva. Foto: Emanuelle Aguiar/Arquivo Pessoal

Reportagem de Isabela Stanga, sob orientação de Ana Flavia Silva.