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Antropóloga e ativista, Lélia Gonzalez ganha homenagem no centro de São Paulo

O grafite traz referências brasileiras e africanas. Para a autora da obra, ele é também um desafio ao racismo – combatido por Lélia Gonzalez. Um painel em homenagem a Lélia Gonzalez foi concluído no começo deste mês na cidade de São Paulo. O grafite compõe uma série de ilustrações presentes no Elevado João Goulart, conhecido […]
O grafite traz referências brasileiras e africanas. Para a autora da obra, ele é também um desafio ao racismo – combatido por Lélia Gonzalez.

Um painel em homenagem a Lélia Gonzalez foi concluído no começo deste mês na cidade de São Paulo. O grafite compõe uma série de ilustrações presentes no Elevado João Goulart, conhecido como Minhocão. Além da ativista mineira, o desenho de Linoca Souza reúne também símbolos e cores da cultura afro-brasileira.

A artista conta que se inspirou na força de Lélia.Gonzalez. A antropóloga é uma das responsáveis por fundar o Olodum, o Movimento Negro Unificado (MNU) e o Centro de Pesquisas da Cultura Negra do Rio de Janeiro. 

“Quero que mais pessoas conheçam essa mulher, entendam e conheçam a história dela. Isso pra gente se ajudar neste processo de busca”, afirma Linoca Souza ao Jornal Alma Preta

Ela acrescenta que a obra desafia o racismo por simbolizar elementos afro-brasileiros: o caju, São Jorge, o indígena e a congada. Esta última, por exemplo, é uma manifestação religiosa de origem africana. “Sei que isso acaba incomodando quem tem preconceito e é racista”, reconhece.

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A vida e o legado de Lélia Gonzalez

Lélia era filha de um ferroviário negro e de uma empregada doméstica de origem indígena. Nasceu em Belo Horizonte, porém poucos anos depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde atuou a maior parte de sua vida.

Ela se destacou na luta contra o racismo e o sexismo. Dessa forma, trouxe para a militância reflexões sobre a vida das mulheres, sobretudo as negras e indígenas. 

Lélia buscou valorizar o legado cultural dos povos da América Latina e do Caribe. Assim, propôs o conceito de “Amefricanidade” para identificar os traços culturais do continente americano.

A escritora se graduou em História e Filosofia, fez mestrado em Comunicação Social e doutorado em Antropologia Política. Ainda foi professora da rede pública de ensino e chefe do Departamento de Sociologia e Política da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Lélia também teve carreira política. Atuou como primeira-suplente na Câmara dos Deputados nacional e na do Rio de Janeiro. Além disso, lutou pelo direito dos negros a partir do Movimento Negro Unificado.

Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva