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Estudantes criam série de vídeos sobre expressões racistas usadas no dia a dia

“Não fale a língua do racismo” conta com oito vídeos produzidos pelos alunos da Universidade Positivo explicando expressões racistas que usamos (e muitas vezes nem sabemos que são) Com objetivo de conscientizar o público sobre o racismo presente no cotidiano, estudantes de jornalismo produziram uma série de vídeos sobre expressões racistas usadas pelos brasileiros. O […]
“Não fale a língua do racismo” conta com oito vídeos produzidos pelos alunos da Universidade Positivo explicando expressões racistas que usamos (e muitas vezes nem sabemos que são)

Com objetivo de conscientizar o público sobre o racismo presente no cotidiano, estudantes de jornalismo produziram uma série de vídeos sobre expressões racistas usadas pelos brasileiros. O projeto “Não fale a língua do racismo” tem explicação didática e ilustrações de época que remontam à origem dos termos. Os vídeos revelam a carga preconceituosa presente na fala dos brasileiros. 

A iniciativa partiu de um trabalho da disciplina de Mídia, Gênero e Etnia realizado por Higor Paulino (sim, nosso antigo colaborador aqui no TJE). Ele se inspirou no Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, e resolveu gravar um vídeo sobre a expressão “meia tigela”. Com a aprovação da professora e dos colegas, o projeto se expandiu e hoje a série conta com oito vídeos produzidos pelos estudantes do curso.

Expressões racistas

Os episódios possuem duração de cerca de um minuto e são livres para todos os públicos. Os vídeos explicam a origem de falas comuns usadas no dia a dia, mas que carregam uma história ligada ao período da escravidão. “A coisa tá preta”, “doméstica”, “meia tigela”, “mulata”, “não sou tuas negas”, “nega maluca”, “nhaca” e “tem caroço nesse angu” são as expressões racistas apontadas no projeto.

A expressão “meia-tigela”, usada para se referir a algo medíocre, remonta aos negros trabalhadores das minas. Quando não alcançavam suas “metas”, os escravos recebiam como punição apenas meia tigela de comida.

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Desconstruir o racismo no cotidiano

Além de conscientizar o público sobre as expressões, Higor destaca que o trabalho incentivou a reflexão crítica dos próprios alunos. “O racismo está presente na nossa vida, faz parte da nossa cultura. Ele está presente na nossa língua por meio de expressões que reforçam estereótipos”, explica o estudante. 

De modo geral, reproduzir expressões racistas no cotidiano é um hábito que por vezes passa despercebido, segundo Higor. “Queremos fazer com que o público reconheça sua carga negativa e busque outras maneiras de manifestar suas ideias”, afirma. 

Além disso, o aluno de Jornalismo defende que os futuros profissionais da área reflitam sobre questões delicadas e urgentes da sociedade. Ou seja: racismo, machismo e homofobia são algumas das discussões que podem ser levadas para a agenda pública.

Clique aqui e confira os episódios da série “Não fale a língua do racismo”.

Reportagem de Isabela Stanga, sob supervisão de Ana Flavia Silva