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Hospital das Bonecas resgata sonhos de crianças e adultos

A estrutura é completa: recepção, centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva, berçário e até ambulância
Leandro Primo Capelo, o “médico responsável” pelo hospital. Foto: divulgação.

Em São Paulo, um hospital divertido garante que sempre dá alta para seus pacientes. A estrutura é completa: recepção, centro cirúrgico, unidade de terapia intensiva, berçário e até ambulância. E, apesar de todos vestirem branco, o clima é lúdico e muito leve. Afinal, trata-se do Hospital das Bonecas, que atua desde 1937 com consertos de brinquedos.

“A empresa começou com meus avós, imigrantes italianos. Agora estamos na quarta geração. Meus avós começaram, passou para meu pai, que passou para mim. Agora meus dois filhos, engenheiros, continuam”, conta Leandro Primo Capelo, o “médico responsável” pelo hospital.

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Dos tempos de criança, Leandro lembra bem do oficio do seu avô. “Meu avô nunca teve a intenção de ter um ‘hospital’. Ele tinha uma fábrica de tecido. Quando chegava do serviço, sempre tinha uma bola de capotão para arrumar, consertava boneca. Aí ele viu que tinha dom pra isso. Foi até a Estrela e abriu uma oficina de conserto de brinquedos”, recorda Leandro.

Na época em que a oficina de brinquedos começou, os “pacientes” eram bem mais simples. As bonecas eram de louça, os carrinhos de madeira. Com o avanço da tecnologia, vieram outros materiais, novos brinquedos. “Meu avô pintava bonecas, passou o ofício para meu pai. E eu, quando vi, estava aprendendo também”, revela.

A oficina de brinquedos foi se adaptando ao tempo e com Leandro ganhou o tom lúdico. “Eu tinha um sonho de ter um hospital diferente, lúdico, com enfermeiras, ambulância. Fiz o centro cirúrgico, os berçários. Hoje temos também um canal no YouTube, o Guardião dos Brinquedos, que já está sendo remunerado. A programação toda voltada para a criança, de brinquedos que ganham vida à noite. Os produtores também fizeram o programa Ra-tim-bum, da TV Cultura, a Galinha Pintadinha. As diretoras da Cultura são nossas sócias no canal”, conta o empresário.

Brinquedos de valor sentimental

O Hospital das Bonecas conta com três unidades: na Penha, no Brooklin e em São Caetano do Sul, todas em São Paulo, capital. São quase 30 mil pacientes por ano – brinquedos que foram consertados por 30 ‘enfermeiros e médicos’ do Hospital das Bonecas. Para 2024, a empresa pretende abrir seis novas unidades também em São Paulo. Há planos ainda de expansão para outros estados.

“Consertamos de tudo um pouco. Bichos de pelúcia, pequeno, grande. Videogame, brinquedos eletrônicos, tablets. Fazemos roupinhas, consertamos todas as bonecas, das mais novas a mais antigas, de borracha. Aqui a gente trata de tudo. Os brinquedos vão para internação, recebem alta médica, tem diagnóstico. Tudo segue esse lado lúdico, tudo feito com o mesmo carinho”, explica Leandro.

A maioria dos brinquedos tem um valor sentimental muito grande para o dono. Há os clientes de idade mais avançada, que querem consertar os brinquedos de criança. “Tem quem vem aqui: ‘ganhei [o brinquedo] do meu pai com três anos’. São brinquedos antigos que são restaurados. Não só bonecas. Carrinho elétrico, patinete, tudo que você imaginar. A nossa empresa é muito ampla”, conta.

Parte dos brinquedos que precisam de conserto chegam à recepção do hospital de outros cantos do Brasil. Eles são enviados por Sedex, o diagnóstico é feito, o orçamento é repassado. Após aprovação e pagamento, o conserto do brinquedo é feito e ele é enviado novamente por Sedex.

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Resgate de sonhos

De setembro até janeiro o movimento no Hospital das Bonecas é alto, não para. “Ontem mesmo, eu consertei um dinossauro para uma mãe que o filho estava apavorado. Esse brinquedo veio de São Caetano. O garoto não ficava sem ele, tem cinco anos, é autista. Eu falei, ‘vou fazer na hora’. Demorou uma hora, a mãe aguardou. A recompensa foi o abraço e o choro dela de agradecimento”, relembra.

Leandro conta que tem sido gratificante o trabalho do Hospital das Bonecas. “A coisa mais feliz que você tem é como o Gepetto, que resgata sonhos. Aquilo que a pessoa traz tem um valor sentimental enorme. Falo isso para meus enfermeiros, que aquilo que eles estão consertando, que eles tratem como se fosse deles. Toda história tem um passado e todo passado tem uma história. A gratidão é entregar um produto e receber como retorno um sorriso e um abraço”.