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Médicos do DF promovem encontro de paciente idosa e cãozinho

Internada e em confinamento há um mês, Neuza Botosso, de 72 anos, já estava com o coração apertado de saudade do fiel companheiro. Há 6 anos ela compartilha a vida com o cachorrinho Toy. Nos últimos 3 meses, porém, o vai e vem de internações para tratar problemas de saúde acabou rompendo esse laço. A […]

Internada e em confinamento há um mês, Neuza Botosso, de 72 anos, já estava com o coração apertado de saudade do fiel companheiro. Há 6 anos ela compartilha a vida com o cachorrinho Toy. Nos últimos 3 meses, porém, o vai e vem de internações para tratar problemas de saúde acabou rompendo esse laço. A solução veio por meio dos médicos de um hospital público do Distrito Federal, que promoveram um emocionante encontro.

Toy ficou aos cuidados do filho da aposentada e ela ao dos médicos e enfermeiros do Hospital Regional de Taguatinga. Mas sem o cãozinho por perto, Neuza apresentou sinais de depressão. Foi da terapeuta Mchilanny Bussinger de Menezes a ideia: trazer o amigo da aposentada para uma visitinha.

Neuza, no entanto, ficou preocupada. “Até o primeiro momento ela queria muito ver o Toy. Depois desistiu porque o bichinho sentiria a sua falta após a visita e ela a falta dele mais ainda”, conta a terapeuta. Com muita conversa, tudo se resolveu. Desde setembro, Neuza e Toy se encontram semanalmente em um espaço aberto, dentro das instalações do hospital.

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Sempre juntos

A relação de Neuza e Toy começou em 2014. Desde então, a aposentada de sorriso largo e o faceiro shih-tzu de pelos brancos e pretos dividem a companhia um do outro. A idosa vive apenas com o cão e os dois nunca se afastaram por tanto tempo.

Com suspeita de ter contraído Covid-19, Neuza passou pela primeira internação. Ela teve problemas respiratórios e insuficiência renal, mas os médicos descartaram a possibilidade de contaminação pelo coronavírus. Apesar disso, a idosa precisou voltar a se hospitalizar. Era preciso tratar um quadro clínico conhecido como pé diabético, um tipo de infecção que afeta pessoas com diabetes.

Neuza passou por três hospitais da capital federal. Em cada uma das internações, ela se via mais afastada do amigo de quatro patas. De acordo com os médicos, a saudade tirou o alegre sorriso da senhorinha. Atentos, eles buscaram uma forma de tornar a recuperação um processo menos pesado.

“Idosa, diabética e com pé infectado, a recuperação é realmente muito lenta e o período de pandemia não permite visitas, apenas a troca de acompanhante. Então são muitas questões que tornam a situação dela fragilizada”, explica a terapeuta Fernanda Victório.

Reencontro

Encontro foi cercado de cuidados – e sorrisos. Foto: divulgação/Agência Brasília.

“É indescritível a sensação de rever o bichinho que a gente gosta”. Foi assim que Neuza comemorou o reencontro com Toy. O filho da paciente, Ilton Elias Botosso Figueiredo, também se emocionou com a felicidade da mãe. “Eu gostaria de agradecer esse encontro, dela com o cachorrinho. Está fazendo muito bem para a autoestima dela. Estão cuidando muito bem dela”, disse.

Além de Toy e do filho, Neuza pode rever e abraçar os netos e a esposa de Ilton. Reunida, a família passou o tempo todo em segurança e usando máscaras.

Na hora da despedida, o cachorrinho pregou uma peça. Para não voltar à casa de Ilton, Toy se escondeu debaixo da cadeira de Neuza. A cena rendeu ainda mais sorrisos a paciente e a família.

No Distrito Federal, outros pacientes com longa internação também estão recebendo de visitas esporádicas e controladas durante a pandemia. No entanto, o reencontro de Toy e Neuza foi o primeiro a envolver animais de estimação.

Reportagem de Higor Paulino, com supervisão de Ana Flavia Silva.